domingo, 14 de abril de 2013

A crônica de um velho Pastor


Apocalipse 1: 9

A crônica de um velho Pastor

                                   Eduardo Paulo Gomes

 


Eu João, irmão vosso...

Eu não conhecia Jesus até que um dia estava junto com meu irmão Tiago e meu pai Zebedeu, lavando as redes, nosso basco estava junto do barco de Simão Pedro, pois éramos sócios. Éramos pescadores, do Mar da Galileia tirávamos todo o nosso sustento. Não sabíamos o que estava acontecendo. havíamos trabalhado toda e não pescamos nada. Foi quando Ele apareceu e disse-nos para lançar as redes ao largo. Não entendemos muito bem, mas falava com muito autoridade. Lançamos as redes em obediência e o que aconteceu. Quase que nossas redes arrebentaram de tantos peixes. Ficamos maravilhados com tanta fartura, os peixes transbordavam nos barcos. Foi quando ele nos chamou para um trabalho especial. Ele nos falou de agora em diante vocês vão ser pescadores de homens. Deixamos tudo com nosso pai Zebedeu o seguimos. Não sabíamos exatamente o que fazer. Mas meu coração ardia na sua presença. (Mat. 4:21; Mc 1:20)

 

Eu seguia Jesus por onde quer que fosse, e a cada dia novas pessoas se juntavam ao grupo. Onde quer que passava Jesus curava os enfermos, paralíticos andava, leprosos eram purificados, todos que estavam abatidos, atribulados, sobrecarregados, abatidos vinham até ele e eram transformados.

 

Todo povo de Israel esperava o Messias. Eu sabia que os profetas antigos falavam que Deus enviaria a salvação para Israel.  Sua fama logo correu por todas as vilas e cidades, de modo que até as autoridades vinham ouvir dos seus ensinamentos. Lembro muito bem quando um dos centuriões do romanos veio até ele dizendo que tinha um servo enfermo em sua. Jesus disse para ele. – Eu irei curá-lo. Mas aquele homem sentia-se indigno de receber Jesus em sua. Como ele era um homem de hierarquia militar ele conhecia muito bem o que significava cumprir uma ordem. E disse a Jesus, manda uma ordem e meu servo ficará curado, pois sob o meu comando eu digo a um servo, vá e ele vai, digo a outro venha e ele vem, faça isto, e ele faz. Jesus se admirou que aquele homem tinha tanta fé. E lhe deu a sua palavra e o rapaz foi curado.  (Mat. 8:5-13; Lc. 7:1-10)

Depois, sua fama correu por toda Judeia, Galileia e Samaria. Multidões vinha trazendo seus enfermos, endemoniados, paralíticos, cegos, famintos. Ele falava uma mensagem diferente da que os religiosos, escribas, fariseus e saduceus, sacerdotes e levitas falavam. As multidões ficavam maravilhadas.

 

Ele ele tomava certas decisões que nos deixavam perplexos. Certa vez estávamos com mais de cinco mil pessoas, sem contar as mulheres e as crianças. Era o local muito ermo. A cidade mais próxima ficavam muito longe, já estava tarde e a multidão estava faminta. Dissemos para ele despedir a multidão para que eles mesmos fossem até as cidades e povoados mais próximos. Ele porém nos disse: -não, dai-lhe vós mesmos o que comer. Ficamos nos perguntando, como daríamos conta de tão grande tarefa.  Tínhamos dois problemas, como alimentar tão grande multidão, seria necessário uns duzentos denários, era muito dinheiro, e mesmo se fossemos comprar alimentos, como trazê-los? A distancia e o tempo necessário para cumprir tal tarefa,  não seria suficiente.  Foi quando ele perguntou se alguém tinha algum alimento. Um menino que estava perto falou que tinha cinco pães e dois peixes. Mas o que representava aquele pouquinho de alimento para tão grande multidão? Jesus ordenou que a multidão se assentasse na grama em grupos de cinquenta e de cem. Ele tomou os cinco pães e os peixes, olhando para os céus, deu graças e partiu os pães e nos deu para distribuir. Aos  nossos olhos víamos o milagre acontecendo, quanto mais distribuía, mais os pães e os peixes se multiplicavam, quando terminamos ainda recolhemos doze cestos cheios de pedaços que sobraram.

 

Como foi maravilhoso o dia em que ele nos chamou para ir ao monte. Estava Eu, Tiago meu irmão e Pedro. Ali Jesus se transfigurou diante de nós. Sua face brilhou como o sol,  e sua roupas se tornaram brancas como a luz. Naquele momento apareceram diante de nós Moisés e Elias e conversaram com Jesus. Que visão tremenda, parecia que estávamos no paraíso. Não queríamos sair dali nunca mais. Pedro até sugeriu que construíssemos três tendas, uma para Jesus, outra para Moisés e outra para Elias. Mas, de repente uma voz com trovão numa nuvem nos falou: este é o meu Filho amado, a ele ouvi.” Ficamos atemorizados e caímos com o rosto em terra, não suportamos. Jesus nos tocou e disse para nos levantar não temer. Daquele momento em diante não ouvimos nem vimos mais nada. Diante daquela visão, tínhamos certeza que Jesus era o Filho de Deus, o Emanuel, a salvação de Israel. Mas, Jesus nos advertiu para não contar nada a ninguém até que ele fosse ressuscitado dos mortos.

 

Confesso que fiquei sem entender o que ele dizia, mas diversas vezes ele falou que iria morrer e ressuscitar ao terceiro dia, que importava para ele subir até Jerusalém e ser entregue nas mãos dos pecadores. Não queríamos que aquilo acontecesse. Queríamos que ele fosse nosso rei, e nos libertasse do jugo dos romanos.

 

Fomos com ele até Jerusalém, era a época da pascoa. A cidade estava repleta de judeus vindo de todas as partes do mundo. Nos reunimos no cenáculo para celebrar a pascoa. Alguns ficaram perguntando quem seria maior no reino. Então ele nos deu o exemplo, cingiu-se com uma toalha e lavou nossos pés. Simão quis recusar aquele ato, mas ele disse que quem recusasse não teria parte com ele no seu reino, e acrescentou que deveríamos fazer o mesmo uns com os outros. Não compreendi o que ele falou que deveríamos comer sua carne e beber o seu sangue. Ele tomou o pão e tendo dado graças partiu e disse que aquele pão simbolizava seu corpo. Da mesma forma ele tomou o cálice dizendo que aquilo simbolizava seu sangue que seria derramado em favor dos pecadores. E daquele momento em diante deveríamos perpetuar aquele ato como memorial até que ele voltasse em glória.

 

Meu coração se entristeceu quando ele falou que um de nós o trairia. inclinei o meu rosto junto ao seu peito e lhe perguntei, porventura serei eu Senhor? Ele respondeu de uma forma que não compreendi. Logo Judas Iscariotes saiu da sala, pensávamos que Jesus tivesse mandado comprar algo para a festa. Cantamos um hino saímos para o lugar da oração no Getsêmane.

 

naquela noite meu coração estava pesado, cheio de temor, eu queria estar com Jesus cada instante mas não resisti, dormi e quando acordei Jesus estava cercado por um destacamento de soldados e alguns guardas enviados pelos chefes dos sacerdotes e judeus com tochas, lanternas e armas. Fiquei assustado, não sabia o que fazer. chorei quando prenderam o meu Senhor.

 

Fui seguindo-o todos os passos, quando o entregaram ao sinédrio, disseram impropérios do meu Senhor,  depois o levaram perante Poncio Pilatos que era governador da Judéia. Rasgaram as suas vestes, o açoitaram, colocaram uma coroa de espinhos e exclamaram para a multidão, a mesma multidão que Jesus havia alimentado. Eis ai o Rei dos Judeus! Humilharam o meu Senhor, cuspiram e bateram na sua face! A multidão cada vez mais gritava crucifica-o, crucifica-o.

 

Então os soldados encarregaram-se de Jesus. Ele saiu levando sua própria cruz, pelas ruas de Jerusalém, sendo humilhado cada vez mais. Muitas mulheres choravam ao vê-lo sangrar,  ele teve forças para dizê-las: Filhas de Jerusalém, não choreis por mim, chorai antes pelos vossos filhos. carregando aquela cruz pesada, subindo até o lugar chamado gólgota onde o crucificaram. Colocaram por cima da sua cabeça a acusação feita contra ele: Este é Jesus, o Rei dos Judeus, dois ladrões foram crucificados junto com ele, um à sua direita e outro a sua esquerda. A multidão zombava dele.

 

 

Na cruz, eu não aguentava mais vê-lo sofrer tanto, consegui aproximar-me, queria poder aliviar as suas dores. Comigo estava Maria sua mãe, então ele me encarregou de tomar conta dela. Mais tarde Jesus clamou em voz alta: Eloí, Eloí, lamá sabactani, que quer dizer, Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste, e entregou o espírito. Sabíamos que Jesus clamava pelo Pai, nós esperávamos que os anjos viessem retirá-lo daquele sofrimento. Que a luz que o envolveu lá monte o envolvesse e o retirasse da cruz. Mas nada disso aconteceu.  A terra tremeu, houve um terremoto, o céu escureceu, rochas se partiram. Um centurião que ali estava exclamou: verdadeiramente este era Filho de Deus!

 

Através um homem rico de  Arimatéia chamado José que se tornara discípulo do Senhor e Nicodemos um dos mestres da lei conseguimos uma autorização para tirá-lo da cruz, pegamos o corpo e o sepultamos num sepulcro novo, encravado na rocha,  onde ninguém havia sido sepultado. o dia seguinte era sábado, não podíamos fazer nada....fiquei atormentado com o que ele havia dito, no terceiro dia ressuscitarei. Guardas vigiavam pois achavam que iriamos roubar o corpo de Jesus.

 

no primeiro dia da semana, as mulheres foram até ao sepulcro e acharam o a pedra retirada, um anjo estava assentado sobre ela. O anjo lhe falou que Jesus havia ressuscitado. Não estava mais ali. E disse para nos contar. ah com eu me alegrei, quando as mulheres chegaram e nos deram as boas novas. Ficamos como quem sonha.  Corri para o sepulcro. Corri com todas as minhas forças, entrei no sepulcro, vi as faixas de linho e cri que algo tremendamente maravilhoso que não compreendíamos havia acontecido.

 

o dia em que ele apareceu estávamos todos com medo dos judeus trancados no cenáculo. dois discípulos haviam dito que estiveram com ele no caminho de Emaús e como lhes havia explicado as escrituras, que o Cristo havia de padecer nas mão de pecadores mas ao terceiro dia ressuscitaria e voltaram pra Jerusalém e nos relataram. De repente Jesus aparece entre nós e diz paz seja convosco! Todos os nossos medos se dissiparam. Ele estava bem vivo em nosso meio.

 

depois disso ele apareceu muitas outras vezes, teve um dia especial, estávamos pescando junto com Simão Pedro, mas não apanhamos nenhum peixe. Da praia ele perguntou, filhos tende alguma coisa para comer? Nós respondemos que não. Ele falou para lançarmos a rede à direita do barco. Lançamos e qual nossa surpresa a rede cheia de cento e cinquenta grandes peixes, que tivemos  que arrastá-la até a praia, mas mesmo assim a rede não se rompeu. Quando chegamos já havia uma fogueira com alguns peixes e um pouco de pão. No entanto não perguntamos nada, ficamos calados. Ele dirigiu a palavra a Pedro e lhe deu a tarefa de pastorear suas ovelhas. Quanto a mim ele disse que eu permaneceria vivo até que ele venha....

 

muitos anos se passaram, Pedro e os demais apóstolos foram mortos por causa do testemunho. Eu João, irmão vosso e companheiro vosso no sofrimento, no reino e na perseverança em Jesus, estou só, velho e preso na ilha chamada Pátmos. Fui arrebatado em espírito e ouvi por detrás de mim uma voz forte como de trombeta o que vês escreve num livro e manda às sete igrejas: A Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia.” Voltei-me para ver quem falava comigo e vi o Senhor glorificado, a sua face brilhava como o sol quando brilha em todo o seu esplendor. Quando o vi, caí aos seus pés como morto. Então ele colocou  sua mão direita sobre mim e disse: Não temas, eu sou o primeiro e último. Sou aquele que vive, estive morto mas agora estou vivo para todo o sempre! E tenho as chaves da morte e do inferno.

 

Eu João dou testemunho destas coisas,

Eu joão, irmão vosso e companheiro na tribulação.......

Um comentário:

  1. Emocionante e instigante. Quem quer seguir nas pagadas do Mestre para dar um verdadeiro testemunho de fé?




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