“Então Elias se chegou a todo o
povo, e disse: Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o SENHOR é Deus,
segui-o, e se Baal, segui-o. Porém o povo nada lhe respondeu.”1 Reis 18:21
“Não
julgueis para que não sejam julgados”, “tirai a trave do teu olho primeiro”,
“não toqueis nos meus ungidos”, “todos somos pecadores”, ou “vocês estão é com
inveja”, “ele só deu respostas bíblicas” algumas das frases publicadas nas
redes sociais para abafar as inúmeras manifestações de repúdio ao discurso ofensivo
do pastor Silas em nome dos evangélicos no programa de frente com Gabi.
Não vou me ater em argumentar contra ou
a favor da figura polemica do Sr. Silas Malafaia. Acho inclusive que todos
aqueles que flertam com o poder como fim em si mesmo por bem ou por mal querem mais
é estar na boca do povo, pois isso lhes traz dividendos e visibilidade nas
mídias. Não é atoa que já existe uma campanha para que o mesmo se apresente em
outros programas, dessa forma quem sabe, dependendo da audiência lhe renderia um
programa com espaço de tempo bem maior do atualmente possui. Não seria esse seu
real intento?
É impressionante nesse episódio a reação
das pessoas nas redes sociais, promovendo uma guerra de palavras muitas vezes
ofensivas àquilo que chamamos de espaço democrático de direito para opinar
sobre quaisquer assuntos. Nunca vi tanta veemência ou uma defesa tão
contundente anteriormente, nem mesmo em prol do evangelho de Cristo. Esse episódio
revelou que existe uma legião de seguidores desses líderes em todas as
denominações, e os tais, através de um discurso inflamado, com palavras de
ordem muito ousadas, defenderam com “unhas e dentes” seus argumentos contra
todos que se posicionaram de forma contrária entre os quais os ditos “evangélicos
mais moderados” que talvez esperavam um
discurso mais diplomático e uma linguagem menos ofensiva foram taxados de ” desobedientes “, “caídos” ou “desviados”.
No meio dessa guerra de palavras vimos também àqueles que se omitiram, se
limitando a observação e aos pedidos de oração “pelo ungido” deixando o circo
pegar fogo.
No blog “Ovelha Magra” Pablo Massolar aponta
um caminho para compreensão dessas manifestações do povo evangélico: "O grande problema hoje é que a
maioria do povo está cego, seduzido, entorpecido pela mensagem dos falsos
profetas e não consegue discernir este tempo. O evangélico é conhecido hoje
muito mais pelo show, pelo mercado, pelo colégio eleitoral, pela força da mídia
e da pressão, sem amor e sem reflexão profunda, do que a mudança de vida exigida
pelo Evangelho."
Então, estamos
em meio ao caos! Quem apontar os erros da igreja cristã brasileira provavelmente
será considerado “herege”, “caído”, “desviado”, perdoem-me as referencias: que
dizer de todos os profetas que vieram antes de Cristo para cumprir o que está
escrito em Isaías 30:21 “os
teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o
caminho, andai nele; quando vos desviardes para a direita ou para a esquerda.” E João Batista apontando o erro na casa de
Herodes?, e as recomendações de Paulo a Timóteo quanto aos requisitos do obreiro aprovado? As recomendações de Pedro e de João para os presbíteros e falsos irmãos? E a Reforma
Protestante, que dizer de Lutero e Calvino lutando contra as indulgencias, e os irmãos Wesleys na Inglaterra conclamando mostrando os erros da religião institucionalizada?
Todos eles lutaram pela volta às origens do
evangelho bíblico.
Em I Reis 18: 1- 15 há alguns personagens
bastante emblemáticos na narrativa bíblica quiçá nos ajude a compreender o
momento da igreja brasileira atual. Acabe Rei de Israel, o reino do norte,
homem mal, juntamente com sua mulher Jezabel, traz tudo que era considerado paganismo
e abominação pela religião monoteísta dos israelitas para os termos do seu
reinado, importa modismos religiosos das nações vizinhas à custa do palácio e
persegue os profetas do Deus de Israel. Ele representa o poder político e
religioso institucionalizado de sua época. Ele queria manter-se no poder a
qualquer preço.
Nesse cenário caótico dois personagens se
destacam na narrativa. De um lado Elias, profeta do Senhor Deus de Israel, enfrenta
a fúria real. Denuncia os atos repugnantes do rei e de sua mulher. Por sua
palavra muitos sinais e prodígios são manifestados para que o cresse que havia
um único Deus verdadeiro. Apesar de o rei temer as palavras de juízo do profeta,
seu coração não era reto nem obediente aos preceitos divinos, preferindo refestelar-se
na sua vida nababesca. Chegou a considerar o profeta Elias como um “perturbador
de Israel”, em outras palavras um “fora da lei” “um perturbador da ordem
pública” De outro, Obadias, digamos, um funcionário real. Uma espécie de
ministro do rei. Era um homem bom, mas quem sabe para não contrariar o rei ou
perder sua posição no palácio consentia nos desmandos da família real. Esse
personagem chama bastante atenção na sua conduta paradoxal. Autointitulado temente
a Deus, abertamente cumpre as ordens do rei para perseguir Elias e confirma na
sua fala que procurou por todos os termos de Israel com a guarda real, pelo
profeta, para leva-lo à presença do rei. Porém, secretamente mantém às
escondidas o suprimento de um grupo de cem profetas ou discípulos de profetas à
salvo da perseguição real.
A Bíblia não diz qual foi o destino de Obadias. Sabe-se que o rei e sua casa real, bem como todos os profetas pagãos mantidos pelo palácio foram exterminados e uma nova dinastia foi estabelecida. Elias confrontou Obadias severamente e desmascarou suas atitudes tímidas e coxeantes, assim também desafiou todo o povo de Israel a servir a Deus com sinceridade e verdade. Continuou seu ministério profético até ser levado aos céus numa carruagem de fogo. E Obadias, que houve com ele, não sabemos. A Bíblia não menciona mais seu nome. Não há menção dele entre os heróis da fé. Era um homem dividido, inseguro quanto as suas convicções. Não estaria agindo dessa forma a igreja brasileira atual? Onde está sua identidade, as marcas de Cristo na sua caminhada de fé?
Para nós
permanece o desafio de Elias: Até quando coxeareis entre dois pensamentos? que
o Senhor Jesus nos ajude na melhor escolha. No amor de Cristo,
Eduardo Paulo Gomes
Gostei do texto, boa reflexão.
ResponderExcluirEu, sinceramente, não exponho minhas considerações sobre nenhuma liderança, pois já estou cansada de falar. Minha realidade é muito diferente de tudo o que já havia vivido. No momento, eu estou muito mais interessada em viver do que falar sobre o que acho. Creio que o Senhor está às portas e a Sua Igreja irá com Ele. A Sua Noiva está preparada e Ele sabe quem é/são. Por isso, mais do que nunca, é bom que "aquele que está em pé cuide para que não caia", que coloquemos os talentos à disposição do Espírito Santo e que quanto menos aparecermos mais o Senhor brilhará. Jesus tinha atitudes contraculturais, era "revolucionário", agia conforme a sua missão. Penso que, iniciando os 50, não posso perder meu tempo em templos construídos por mãos de homens; creio que é necessário cumprir o propósito do Senhor como parte de sua Igreja e deixar que os "poderosos" se digladiem mutuamente. Não quero fazer parte dessa guerra. Desculpe o meu desabafo e não julgue o meu posicionamento "alienado", é que me fartei das máscaras e dos discursos autopromocionais.
Que Deus te abençoe, pastor Eduardo, e que o senhor jamais se contamine com esses "santos do pau oco".
Exatamente Ana Guilhermina, as atitudes falam mais alto. como disse Wesley evangelize sempre, fale quando possível,acho que é isso mesmo. Na Igreja do senhor Jesus Ele conhece os que lhe pertence, chegará o momento em que será manifestado a obra de cada um. Infelizmente hoje temos as limitações denominacionais, mas estas não devem ocupar o primeiro lugar na nossa vida. comentei um pouco sobre o assunto pois muitas pessoas, mesmo aqueles fora do circuito eclesiástico me questionaram a respeito,mesmo sem ser minha intenção principal a gente se torna formador de opinião entre aqueles que nos cercam. Deus te abençoe sempre.
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