Eduardo Paulo Gomes
Trazer inovação para dentro da escola não é tarefa
fácil. A escola com sua tradição reprodutivista, retém modelos e estruturas
seculares de aprendizagem que são difíceis de transpor. Por muito tempo os
alunos foram tratados pedagogicamente de uma forma única. Como se todas as
pessoas fossem iguais no quesito aquisição do conhecimento. As transformações
que as novas tecnologias vêm promovendo na sociedade moderna nos levam a
analisar e a refletir sobre a importância de conhecer e utilizar recursos
tecnológicos como estratégia de ensino ou como ferramenta de estudo, buscando
criar possibilidades educacionais ao relacionar conhecimentos que o professor
leciona em sala de aula com conhecimentos tecnológicos que a sociedade
disponibiliza, para ensinar e aprender de forma inovadora esses conteúdos. (GIMENES;
SANTOS; TOCZEK, 2014 p.108)
A partir das pesquisas do americano Howard Gardner,
um psicólogo cognitivo da Universidade de Harvard, publicadas no livro em 1983,
sobre a Teoria das Múltiplas Inteligências, que o “olhar pedagógico” sobre o
aluno começou a ser revolucionado. Segundo Gardner as pessoas são diferentes,
reagem a estímulos de forma diferente e, portanto, a aquisição do conhecimento
acontece de forma diferente. No mesmo período também foram publicados estudos pelo
americano Daniel Goleman no livro Inteligência Emocional que ressalta a questão
da afetividade na educação, onde a pessoa coloca suas emoções há um melhor
desenvolvimento de suas habilidades, e a psicopedagoga argentina Alicia Fernández
no livro Inteligência Aprisionada que aborda as questões das relações afetivas
e de gênero no processo de ensino aprendizagem.
Da década de oitenta do século passado para cá, notadamente,
tivemos alguns avanços, pelo menos no que tange a reconhecer os estímulos
perceptivos no processo ensino-aprendizagem: algumas pessoas reagem melhor a
estímulos visuais, outros são sinestésicos, outros ouvintes, uns lidam melhor
com raciocínios lógicos, outros com conceitos abstratos, etc. mas, acima de
tudo o nesse processo deve ser reconhecido e estimulado a construção da
autonomia do aluno na aquisição do conhecimento lançando mão do desenho
universal para igualdade de oportunidades, pois,
Muitas vezes a forma como disponibilizamos o conteúdo faz
com que os nossos alunos tenham um esforço enorme para atingi-lo. Por isso o
Desenho Universal para Aprendizagem vem contribuir nos alertando para que
disponibilizemos o conteúdo de diferentes formas para que cada aluno que
aprende de diferente maneira possa acessá-lo com mais facilidade e ter um
aprendizado mais significativo. (SILVA, BECHE e BOCK, 2013 p. 9)
Hoje fala-se muito que o aluno
mudou. Acredito que o aluno continua sendo o mesmo, reagindo aos estímulos de
forma semelhante no passado, apenas o acesso a novas tecnologias, coloca em
xeque a abordagem do conhecimento. O
papel do professor é fundamental para identificar quais estratégias utilizar
para atingir seus objetivos. Portanto, sabendo que há alunos que reagirão de
forma diferente, quanto mais diversificar sua abordagem, atingirá um maior
número. As estratégias pedagógicas devem ser pensadas: como apresentar o OA? A
exploração será individual? Haverá alguma discussão na turma após a exploração?
O professor utilizará algum outro recurso (texto, apresentação) para
complementar a atividade? [...] Isto comprova que a tecnologia está a serviço
da educação, oferecendo novas formas de pesquisa, linguagem e materiais a serem
explorados e utilizados, mas nada substitui a ação intencional, reflexiva e
planejada do professor. (BRAGA, 2014 p. 34)
Trabalho com alunos nos anos
finais do Ensino Fundamental 8º e 9º anos, e também alunos do Ensino Médio com
a disciplina Língua Estrangeira Moderna – Inglês. O idioma já é um aliado no
interesse e curiosidade dos alunos, pois hoje eles têm acesso à internet,
celulares, tabletes, games, redes sociais, aplicativos, tutorial de aparelhos
diferentes, musicas, etc. Vejo toda essa
“invasão” tecnológica como aliados, não como inimigos. E nas minhas aulas
diversifico ao máximo a abordagem, mas sempre com uma intenção pedagógica. Não
me considero uma exceção, mas vou na contramão da estagnação pedagógica de
muitas escolas pois,
A sociedade do conhecimento exige pessoas mais dinâmicas e
inovadoras, o que só é possível repensando a forma de agir no mundo, pensar
sobre ele e encará-lo, portanto, o professor deve estar aberto ao que as
inovações tecnológicas podem oferecer de contribuição ao seu trabalho cotidiano.
(GIMENES; SANTOS; TOCZEK, 2014. P.108).
Para BRAGA, uma análise
criteriosa do contexto pedagógico e dos OAs disponíveis, é que possibilitará um
bom trabalho. Não há uma receita pronta que estabeleça: o OA X está para o
contexto X, invariavelmente. (BRAGA, 2014 P 32). É preciso que o professor
defina os seguintes itens: Público alvo, Infraestrutura disponível e aspectos
pedagógicos. Por muito tempo dependi de tv, vídeo cassete ou DVd, e som da
escola, ou laboratórios de informática. Esses recursos sempre eram um
complicador. As vezes não estavam disponíveis, ou estavam danificados pelo mau
uso de alguns colegas. Em diversos momentos tive que abortar uma aula diferente
por falta desses recursos. Poderia ter me acomodado como tantos outros colegas,
mas pelo contrário, os recursos tecnológicos que utilizo, são fruto do meu
próprio investimento a mais de 10 anos. hoje tenho, som portátil, notebook e
projetor (Datashow), diversos materiais pedagógicos baixados gratuitamente da
internet como jogos, vídeos, além de outros materiais comprados e que fazem
parte do meu acervo pedagógico. Quando preciso de um ambiente virtual, deixo a
tarefa para os alunos fazerem em casa, pois nem sempre a internet da escola
funciona.
Segundo BRAGA, citando KRAHE, TAROUCO
e KONRATHT (2004, p. 6). As estratégias pedagógicas são os meios que o
professor utiliza em sala de aula para facilitar o processo de
ensino–aprendizagem, incluindo: as concepções educacionais que embasam as
atividades propostas, a articulação de propostas e/ou atividades desencadeadoras
de aprendizagens, a organização do ambiente físico, a utilização de audiovisuais,
o planejamento de ações e o tipo e a forma como o material é utilizado (BRAGA,
2014. P.31). Uma estratégia que utilizo e enfatizo durante o ano todo, pois
trabalho com linguagem, são as chamadas “Reading Strategies”- Estratégias de
Leitura. Usando gêneros textuais diversificados desde um simples bilhete,
passando pelos folhetos de propaganda, embalagens, histórias em quadrinho,
músicas e textos virtuais como imagens e vídeos. Incentivo os alunos a
evidenciar o conhecimento que eles já tiveram anteriormente, as informações
verbais e não verbais (quando há leitura de imagens), contexto e organização
interna do texto, seu layout, etc.
Nessas estratégias, tem uma ferramenta virtual que utilizo como OA, que
é o www.toondoo.com/, além
de outros sites, que é uma maneira divertida de se criar história em quadrinhos
e Cartoons. Um outro recurso que também utilizo para criação de textos é o
VOKI, disponível em www.voki.com/ que
pode ser facilmente utilizado no celular e enviado através de e-mail.
Uma outra estratégia que
utilizo com meus alunos desde 2011, que não sei se é um ambiente virtual de
aprendizagem na concepção dos teóricos aqui relatados é o blog. Tenho o meu em http://oxiuaiso.blogspot.com.br/, mas
através tenho interação com os alunos apoiando o ensino presencial. Segundo
GIMENES; SANTOS; TOCZEK, 2014 se existe uma interação entre o aprendiz e os
recursos tecnológicos, pois, com o computador, o aluno sente prazer em utilizar
as ferramentas sem ter que ser totalmente conduzido pelo professor, desenvolve
a autonomia, além de usufruir da possibilidade de integração entre diversas
disciplinas do ensino básico (GIMENES; SANTOS; TOCZEK, 2012). O aluno deverá,
por exemplo, estar sempre atento à escrita, uma vez que toda contribuição
estará registrada. (GIMENES; SANTOS; TOCZEK, 2014. P.112).
Na minha experiência, muitas
vezes intuitiva como já relatei, tive um ganho extraordinário no envolvimento
dos alunos com a minha disciplina. A utilização a nossa interação
professor-aluno, aluno-aluno ficou mais interessante e ao final todos ganham.
Sei que ainda tenho muito a conquistar em termos pedagógicos e profissionais.
Quero estar aberto a novos recursos e conseguir muito mais a atenção do meu
aluno na construção do conhecimento.
REFERÊNCIAS:
-SILVA, Solange Cristina da & BECHE, Rose
Cler Estivalete & BOCK, Geisa Letícia Kempfer - DESENHO UNIVERSAL PARA
APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: UMA ANÁLISE SOBRE O AMBIENTE DE
APRENDIZAGEM MOODLE – UDESC - Florianópolis - SC – Abril 2013.
-BRAGA, Juliana Cristina - OBJETOS DE
APRENDIZAGEM:
FUNDAMENTOS &
METODOLOGIA PARA
O DESENVOLVIMENTO - Santo André:
Editora da UFABC, 2014.
- GIMENES, Solange Sardi; SANTOS, Washington Romão
dos; TOCZEK, Jonathan - A utilização dos
recursos EAD como apoio ao ensino presencial na educação básica. Revista Brasileira
de Ensino e Tecnologia - R. B. E. C. T. vol 7, núm. 1, jan-abr.2014.