"ôxi" segundo o dicionário nordestinês é uma corruptela de "ô gente" e "ôxente", uma interjeição de espanto. "Uai", uma interjeição mineira semelhante à nordestina porém com uma abrangencia maior de usos. Os mineiros quando interpelados pelo sentido de "uai", simplesmente dizem: "uai é uai". e "so" expressão da lingua inglesa como "portanto" "e daí?"
segunda-feira, 20 de abril de 2015
Pastores Feridos - Por Marcelo Brasileiro
Desânimo,
solidão, insegurança, medo e dúvida. uma estranha combinação de sensações
passou a atormentar José Nilton Lima Fernandes, hoje com 41 anos, a certa
altura da vida. pastor evangélico, ele chegou ao púlpito depois de uma longa
vivência religiosa, que se confunde com a de sua trajetória. criado numa igreja
pentecostal, Nilton exerceu a liderança da mocidade já aos 16 anos, e logo
sentiria o chamado – expressão que, no jargão evangélico, designa aquele
momento em que o indivíduo percebe-se vocacionado por Deus para o ministério da
palavra. mas foi numa denominação do ramo protestante histórico, a igreja
presbiteriana independente (IPI), na cidade de são paulo, que ele se
estabeleceu como pastor. graduado em direito, teologia e filosofia, tinha tudo
para ser um excelente ministro do evangelho, aliando a erudição ao conhecimento
das sagradas escrituras. contudo, ele chegou diante de uma encruzilhada. passou
a duvidar se valeria mesmo a pena ser um pastor evangélico. afinal, a vida não
seria melhor sem o tal “chamado pastoral”?
As
razões para sua inquietação eram enormes. ordenado pastor desde 1995, foi
justamente na igreja que experimentou seus piores dissabores. conheceu a
intriga, lutou contra conchavos, desgastou-se para desmantelar o que chama de
“estrutura de corrupção” dentro de uma das igrejas que pastoreou. mas, no fim
de tudo isso, percebeu que a luta fora inglória. josé nilton se enfraqueceu
emocionalmente e viu o casamento ir por água abaixo. mesmo vencendo o
braço-de-ferro para sanar a administração de sua igreja, perdeu o controle da
vida. a mulher não foi capaz de suportar o que o ministério pastoral fez com
ele. “Eu entrei num processo de morte. Adoeci e tive que procurar ajuda médica
para me restabelecer”, conta. com o fim do casamento, perdeu também a companhia permanente da filha pequena,
uma das maiores dores de sua vida.
Foi
preciso parar. No fim de 2010, José Nilton protocolou uma carta à direção
de sua igreja requisitando a “disponibilidade ativa”, uma licença concedida aos
pastores da denominação. passou todo o ano de 2011 longe das funções
ministeriais. No período, foi exercer outras funções, como advogado e professor
de escola pública e de seminário. “acho possível servir a Jesus,
independentemente de ser pastor ou não”, raciocina, analisando a vida em
perspectiva. “Não acredito mais que um ministério pastoral só possa ser exercido
dentro da igreja, que o chamado se aplica apenas dentro do templo. Quebrei essa
visão clerical”. Reconstruindo-se das cicatrizes, Nilton casou-se novamente. e,
este ano retornou ao púlpito, assumindo o pastoreio de uma igreja na zona leste
de São Paulo. Todavia, não descarta outro freio de arrumação. “Acho
que a vida útil de um líder é de três anos”, raciocina. “É o período em que ele
mantém toda a força e disposição. Depois, é bom que esse processo seja
renovado”. É assim que ele pretende caminhar daqui para frente: sem fazer do
pastorado o centro ou a razão da sua vida.
Encontrar
o equilíbrio no ministério não é tarefa fácil. que o digam os ex-pastores ou
pastores afastados do púlpito que passam a exercer outras atividades ou
profissões depois de um período servindo à igreja. Uma das maiores denominações
pentecostais do país, a igreja do evangelho quadrangular (IEQ), com seus 30 mil
pastores filiados – entre homens e mulheres –, registra uma deserção de cerca
de 70 pastores por mês desde o ano passado. Os números estão nas circulares da
própria igreja. Não é gente que abandona a fé em Cristo, naturalmente; em sua
maioria, os religiosos que pedem licença ou desligamento das atividades
pastorais continuam vivendo sua vida cristã, como fez José Nilton no período em
que esteve afastado do púlpito. É que as pressões espirituais e as demandas
familiares e pessoais dos pastores, nem sempre supridas, constituem uma carga
difícil de suportar ao longo dos anos. Some-se a isso os problemas enfrentados
na própria igreja, as cobranças da liderança, a necessidade de administrar a
obra sob o ponto de vista financeiro e – não raro – as disputas por poder e se
terá uma ideia do conjunto de fatores que podem levar mesmo aquele abençoado
homem de Deus a chutar tudo para o alto.
A própria IPI, onde José Nilton militou, embora muito menor que a quadrangular –
conta com cerca de 500 igrejas no país e 690 pastores registrados –, teria hoje
algo em torno de 50 ministros licenciados, número registrado em relatório de
2009. Pode parecer pouco, mas representa quase dez por cento do corpo de
pastores ativos. Caso se projete esse percentual à dimensão da já gigantesca
igreja evangélica brasileira, com seus aproximadamente 40 milhões de fiéis, dá
para estimar que a defecção dos púlpitos é mesmo numerosa. De acordo com
números da fundação Getúlio Vargas, o número de pastores evangélicos no país é
cinco vezes maior do que a de padres católicos, que em 2006 era de 18,6 mil
segundo o levantamento centro de estatísticas religiosas e investigações
sociais. porém, devido à informalidade da atividade pastoral no país, é certo
que os números sejam bem maiores.
Feridos
que ferem
O chamado pastoral sempre foi o mais valorizado no segmento evangélico. Por essa
razão, é de se estranhar quando alguém que se diz escolhido por Deus para
apascentar suas ovelhas resolva abandonar esse caminho. Nos Estados Unidos,
algumas pesquisas tentam explicar os principais motivos que levam os pastores a
deixar de lado a tarefa que um dia abraçaram. Uma delas foi realizada pelo
ministério LifeWay, que, por telefone, contatou mil pastores que exerciam
liderança em suas comunidades eclesiásticas. e o resultado foi que, apesar de
se sentirem privilegiados pelo cargo que ocupavam (item expresso por 98% dos
entrevistados), mais da metade, ou 55%, afirmaram que se sentiam solitários em
seus ministérios e concordavam com a afirmação “acho que é fácil ficar
desanimado”. Curiosamente, foram os veteranos, com mais de 65 anos, os menos
desanimados. já os dirigentes das megaigrejas foram os que mais reclamaram de
problemas. De acordo com o presidente da área de pesquisas da Life Way, Ed Stetzer – que já pastoreou diversas igrejas –, a principal razão para o
desânimo pode vir de expectativas irreais. “Líderes influenciados por uma
mentalidade consumista cristã ferem todos os envolvidos”, aponta. “Precisamos
muito menos de clientes e muito mais de cooperadores”, diz, em seu blog
pessoal.
Outras
pesquisas nos EUA vão além. o instituto Francis Schaeffer, por exemplo, revelou
que, no último ano, cerca de 1,5 mil pastores têm abandonado seus ministérios
todos os meses por conta de desvios morais, esgotamento espiritual ou algum
tipo de desavença na igreja. Numa pesquisa da entidade, 57% dos pastores
ouvidos admitiram que deixariam suas igrejas locais, mesmo se fosse para um
trabalho secular, caso tivessem oportunidade. E cerca de 70% afirmam sofrer
depressão e admitem só ler a Bíblia quando preparam suas pregações. Do lado de
cá do equador, o nível de desistência também é elevado, ainda mais levando-se
em conta as grandes expectativas apresentadas no início da caminhada pastoral
pelos calouros dos seminários. “No começo do curso, percebemos que uma boa
parte dos alunos possui um positivo encantamento pelo ministério. Mais adiante,
já demonstram preocupação com alguns dilemas”, observa o diretor da Faculdade Teológica Batista de São Paulo, o pastor batista Lourenço Stélio Rega. Ele
estima que 40% dos alunos que iniciam a faculdade de teologia desistem no meio
do caminho. os que chegam à ordenação, contudo, percebem que a luta será uma
constante ao longo da vida ministerial – como, aliás, a própria bíblia
antecipa.
E,
se é bom que o ministro seja alguém equilibrado, que viva no espírito e não na
carne, que governa bem a própria casa, seja marido de uma só mulher (ou
vice-versa, já que, nos tempos do apóstolo Paulo não se praticava a ordenação
feminina) e tantos outros requisitos, forçoso é reconhecer que muita gente fica
pelo caminho pelos próprios erros. “O ministério é algo muito sério” lembra Gedimar de Araújo, pastor da igreja evangélica Ágape em Santo Antonio (ES) e
líder nacional do ministério de apoio aos pastores e igrejas, o MAPI. “Se um
médico, um advogado ou um contador erram, esse erro tem apenas implicação
terrena. mas, quando um ministro do evangelho erra, isso pode ter implicações
eternas.”
Desde
que foi criado, há 20 anos, em Belo Horizonte (MG), como um braço do ministério
servindo pastores e líderes (SEPAL), o MAPI já atendeu milhares de pastores
pelo país. dessa experiência, Gedimar traça quatro principais razões que podem
ser cruciais para a desmotivação e o abandono do ministério. “ativismo
exagerado, que não deixa tempo para a família ou o descanso; vida moral
vacilante, que abre espaço para a tentação na área sexual; feridas emocionais e
conflitos não resolvidos; e desgaste com a liderança, enfrentando líderes
autoritários e que não cooperam”, enumera. para ele, é preciso que tanto os
membros das igrejas quanto as lideranças denominacionais tenham um cuidado
especial com os pastores. “muitos sofrem feridas, como também, muitas vezes,
chegam para o ministério já machucados. e, infelizmente, pastor ferido acaba
ferindo”.
Quanto
à responsabilidade do próprio pastor com o zelo ministerial, Gedimar é
taxativo: “é melhor declinar do ministério do que fazê-lo de qualquer jeito ou
por simples necessidade”. A rede de apoio oferecida pelo MAPI supre uma lacuna
fundamental até mesmo entre os pastores – a do pastoreio. “É preciso criar em
torno do ministro algumas estruturas protetoras. É muito bom que o líder conte
com um grupo de outros pastores onde possa se abrir e compartilhar suas lutas;
um mentor que possa ajudá-lo a crescer e acompanhamento para seu casamento e
família e, por fim, ter companheiros com quem possa desenvolver amizades e
relacionamentos saudáveis e sólidos”, enumera.
Expectativas
Juracy Carlos Bahia, pastor e diretor-executivo da ordem dos pastores batistas do
brasil (OPBB), sediada no Rio de Janeiro, conhece bem o dilema dos colegas que,
a certa altura do ministério, sentem-se questionados não só pelos outros, mas,
sobretudo, por si mesmos. Ele lida com isso na prática e sabe que o preço acaba
sendo caro demais. “Toda atividade que envolve vocação, como a do professor, a
do médico ou a do pastor, é vista com muita expectativa. Quando se abandona
esse caminho, é natural um sentimento de inadequação”. Para Bahia, o
desencantamento com o ministério pastoral é fruto também do que entende como
frustrações no contexto eclesiástico. Há pastores, por exemplo, que julgam não
ter todo seu potencial intelectual utilizado pela comunidade. “Ás vezes, o
ministro acha que a igreja que pastoreia é pequena demais para seus projetos
pessoais”, opina. Isso, acredita Bahia, estimula muitos a acumularem diversas
funções, além das pastorais. “Eu defendo que os pastores atuem integralmente em
seus ministérios. Porém, o que temos visto são pastores-advogados,
pastores-professores, enfim, pastores que exercem outras profissões paralelas
ao púlpito”, observa.
No
entender do dirigente da OPBB, esse acúmulo de funções mina a energia e o
potencial do obreiro para o serviço de Deus. a associação reúne aproximadamente
dez mil pastores batistas e Bahia observa isso no seio da própria entidade:
“Creio que metade deles sofra com a fuga das atividades pastorais para as seculares”.
contudo, ele acredita que deixar o ministério não é algo necessariamente
negativo. “A pessoa pode ter se sentido vocacionada e, mais adiante na vida,
por meio da experiência, das orações e interação com outros pastores, é
perfeitamente possível chegar à conclusão que a interpretação que fez sobre seu
chamado não foi adequada e sim emotiva”.
Quando,
já na meia idade, casado e com dois filhos, ingressou no seminário
presbiteriano do norte (SPN), na capital pernambucana, Recife, Francisco das Chagas dos Santos parecia um menino de tanto entusiasmo. nem mesmo as críticas
de parentes para que buscasse uma colocação social que lhe desse mais status e
dinheiro o desmotivou. “A igreja, para mim, é a melhor das oportunidades de
buscar e conhecer meu criador para que, pela graça, eu continue com firmeza a
abrir espaço em meu coração para que ele cumpra sua vontade em mim, inclusive
no ministério pastoral”, anotou em sua redação para o ingresso no SPN, em 1998.
ele formou-se no curso, foi ordenado pastor em 2003 e dirigiu igrejas nas
cidades de Garanhuns e Saloá.
Hoje,
aos 54 anos, Francisco trabalha como servidor público no instituto agronômico
de pernambuco. ainda não curou todas as feridas e ressentimentos desde que, em
2010, entregou seu pedido de desligamento da denominação. Ele lamenta o
tratamento recebido pelos seus superiores enquanto foi pastor. “Minha opinião
sobre igreja não mudou. Nunca planejei um dia pedir licença ou despojamento do
ministério. Mas entendo que somos o corpo de Cristo, e, se uma unha dói, todos
nós estamos doentes”, pondera. “Não é possível ser pastor sem pensar em
restaurar vidas – e existem muitas vidas precisando de conserto, inclusive
entre nós, pastores”.
A vida longe dos púlpitos ainda não foi totalmente sublimada e Francisco sabe bem
que será constantemente indagado sobre sua decisão de deixar o ministério. “A impressão é que você deixou um desfalque, que adulterou ou algo parecido”,
observa. Ele não considera voltar a pastorear pela denominação na qual se
formou, porém não consegue deixar de imaginar-se como pastor. “uma
vez pastor, pastor para sempre”, recita, “muito embora as
pessoas, em geral, acreditem que seja necessário um púlpito.”
pesquisa
realizada nos estados unidos traçou um panorama dos problemas da atividade
pastoral...
80% deles
sentem-se despreparados para o ministério
70% afirmam
só ler a bíblia quando precisam preparar seus sermões
40% já
tiveram casos extraconjugais
30% reconhecem
ter reduzido as próprias contribuições às igrejas após a crise financeira
5
mil religiosos buscavam emprego secular no ano de 2009, mais do que o
dobro do que ocorria em 2005
2
a 3 anos de ministério é o tempo médio em que os pastores deixam suas
igrejas, sendo em direção a outras denominações ou não.
fontes: barna group, christian post, the wall
street journal, instituto francis a. schaeffer e instituto jetro
Rebanho
às avessas
A maioria dos pastores que se afastam de suas atividades ministeriais não
abandona a fé em Cristo. Cada um deles, a seu modo, mantém sua vida espiritual
e o relacionamento pessoal com Deus. Mas há quem saia do púlpito pela porta dos
fundos, renegando as crenças defendidas com ardor durante tantos anos de
atividade sacerdotal. Para estes – e, é bom que se diga, trata-se de uma opção
nada recomendável –, existe a Freedom from Religion Foundation (“fundação
para o fim da religião”), entidade criada por ninguém menos que o mais famoso
apologista do ateísmo da atualidade, o escritor britânico Richard Dawkins,
autor do best-seller Deus, um delírio. ele e um grupo de
céticos lançaram o projeto clero, iniciativa que visa a apoiar ex-clérigos –
pastores, padres, rabinos – no reinício da vida longe das funções religiosas.
“sacerdotes que perdem sua fé sofrem uma penalização dupla. Eles perdem seu
emprego e, ao mesmo tempo, sua família e a vida que sempre tiveram”, argumenta Dawkins, no site do projeto. Não se tem notícia confiável de quantos ex-líderes
aderiram ao projeto clero, mas parece óbvio que a ideia do refúgio ateu não é
apenas abraçar sacerdotes cansados da vida religiosa, mas também engrossar o
rebanho crescente daqueles que repudiam a possibilidade da existência de Deus.
Começava
ali uma promissora carreira ministerial. Osmar dividia seu trabalho entre as
funções na igreja e as aulas de educação cristã, lecionadas no
tradicional Colégio Batista. Tempos depois, o pastor transferiu-se para outra
grande e prestigiada congregação, a igreja batista do Morumbi. Mas algo estava
fora de sintonia, e Osmar sabia disso. Toda sua desenvoltura na oratória, sua
capacidade de mobilização e seu espírito de liderança poderiam não ser,
necessariamente, características de uma vocação pastoral. e, como dizem os
jovens que ele tanto pastoreou, pintou uma dúvida: seu lugar
era mesmo diante do rebanho? “Eu era um excelente animador. mas me
faltava vocação, e fui percebendo isso cada vez mais”.
O novo caminho, ele sabia, não seria compreendido com facilidade pela família,
pelos amigos e pelas ovelhas. mas ele decidiu voltar a estudar, e escolheu a
área de rádio e TV. e, mesmo ali, não escapou do apelido de “pastor”, aplicado
pela turma. Quando conseguiu um estágio na TV record, percebeu que ficava
totalmente à vontade entre os cenários, as produções e os auditórios. Com seu
talento natural, Osmar deslanchou, e o artista acabou suplantando o pastor. Depois de pedir demissão da igreja, em 2005, ele galgou posições na emissora e
hoje é o produtor de um dos programas de maior sucesso da casa, o
melhor do Brasil, apresentado pelo Rodrigo Faro.
“Durante
muito tempo, fiquei em crise”, reconhece hoje, aos 31 anos. “Tive medo de tomar
a decisão de deixar de ser pastor. Mas, hoje, sinto-me mais confiante e honesto
comigo mesmo e perante os outros”, garante. longe do púlpito, mas não de Jesus, Osmar Guerra continua participativo na sua igreja, a IBAB, onde toca e
canta no louvor. De sua experiência, ele se acha no direito de aconselhar os
mais jovens. “defendo que, antes do seminário, as pessoas busquem formação em
outras áreas, ainda mais quando são novas”, diz. isso, segundo ele, pode abrir
novas possibilidades se o indivíduo, por um motivo qualquer, sentir-se
desconfortável no púlpito. Contudo, ele não descarta o valor de um chamado
genuíno: “se, mesmo assim, a vontade de se tornar um pastor continuar, isso é
sinal de que o caminho pode ser esse mesmo.”
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